sexta-feira, 2 de junho de 2017

Extero-gestação - hã?!

Para iniciar a extero-gestação compreende o conceito de gestação exterior, ou seja, continuar a crescer fora do útero, no ambiente externo.

Nós somos dos mamíferos que mais indefesos nascem. A nosso par temos os Cangurus, que permanecem na bolsa da sua mãe até (mesmo depois de saber andar) se sentir preparado para enfrentar o mundo exterior.

Se um bebé humano permanecesse na barriga da mãe até à maturação como os restantes mamíferos, a gestação duraria mais 6 meses em média.

Se o bebe humano nascesse já com o sistema nervoso central amadurecido, sua cabeça não passaria pela pelve estreita da mãe no momento do parto. Ao contrário de outros mamíferos, como girafas e cavalos, o recém-nascido humano é incapaz de andar por um longo período após o nascimento, porque lhe falta o aparato neurológico maduro para tanto. O custo primal de ter um cérebro grande é que nossos filhotes nascem extremamente dependentes e em necessidade constante de cuidado.

Temos um cérebro grande (após o nascimento, o cérebro humano cresce muito rapidamente, mais do que duplicando até atingir 60% do seu tamanho adulto no primeiro aniversário) e este necessita de muitas calorias para se manter; e grande parte do alimento ingerido é gasto em nutrir e gerar calor para as células nervosas. 

O cérebro humano em bebé está ainda muito pouco desenvolvido.

O crescimento do nosso cérebro após o nascimento é mais rápido do que o de qualquer outro mamífero e segue neste ritmo por 12 meses.

A seleção natural demanda que pais humanos cuidem de seus filhos por um longo período e que os filhos dependam dos pais. Esta necessidade mútua traduz-se em um estado emocional chamado “apego”.
Em algumas culturas, como na tribo Kung, bebés raramente choram por longos períodos e não há sequer uma palavra que signifique “cólica”. As mães carregam os bebés junto ao corpo, com um aparato semelhante a um “sling”, mesmo quando saem para a colheita. A relação mãe-bebê é considerada sacrossanta, eles permanecem juntos o tempo todo. O bebê tem livre acesso ao seio materno e vê o mundo do mesmo ponto de observação que sua mãe.

A nossa cultura ocidental não permite um estilo de vida idêntico ao de tribos primitivas, mas podemos tirar lições valiosas sobre como ajudar nossos bebés na adaptação à vida extra-uterina.



Nos primeiros 3 meses de vida, o bebê humano é tão imaturo que seria benéfico a ele voltar ao útero sempre que a vida aqui fora estivesse difícil.

É preciso compreender o que o bebê tinha à sua disposição antes do nascimento, para saber como reproduzir as condições intra-uterinas. O bebê no útero fica apertadinho, na posição fetal, envolvido por uma parede uterina morninha, sendo balançado para frente e para trás a maior parte do tempo. Ele também estava ouvindo constantemente um barulho "shhhh shhhh", mais alto que o de um aspirador de pó (o coração e os intestinos da mãe).

A reprodução das condições do ambiente uterino leva a uma resposta neurológica profunda "o reflexo calmante". Quando aplicados correctamente, os sons e sensações do útero têm um efeito tão poderoso que podem relaxar um bebê no meio de uma crise de choro.


Técnicas que PODEM resultar para manter um bebé calmo

1. Embrulho / Swadle



Consiste em colocar uma fralda ou outra peça, contendo os movimentos dos bracinhos, como se estivesse permanentemente a tocar nas paredes do útero.

A pele é o maior órgão do corpo humano e o toque é o mais calmante dos cinco sentidos. 

Não devemos esquecer nunca que o bebé quando estava na barriga, estava embrulhado na barriga e em contacto permanente com o liquido amniótico que estimulava e tocava a pele. Sempre, todo o dia, quente, aconchegado e com movimento.

Esta necessidade mantém-se! E já há estudos que provam que o contacto é tão vital como o alimento!



2. Pele-a-pele



Novamente o contacto e o calor. O colo é terapêutico. 

Todos nós, humanos precisamos do toque, do contacto, do calor humano. 

O pele a pele, com a mãe, com um sling ou uma camisola justinha é o melhor que podemos dar aos nossos bebés. Ajuda a regular a temperatura, ajuda a acalmar, evita cólicas, propicia a amamentação, ajuda na recuperação em casos de doença, alivia as dores.

3. Posição de Lado

Como é a posição fetal?


Embrulhado sobre si mesmo, agrupado!

Quanto mais nervoso seu bebê estiver, pior ele fica quando colocado sobre as costas. Antes de nascer, seu bebê nunca ficou deitado de costas. Ele passava a maior parte do tempo na posição fetal: cabeça para baixo, coluna encolhida, joelhos contra a barriga. Até adultos, quando em perigo, inconscientemente escolhem esta posição.

Segurar o bebê de lado ou com a barriga tocando os braços do adulto ajuda a acalmá-lo (a cabeça fica na mão do adulto, o rabinho encostado na dobra do cotovelo do adulto, com braços e pernas livres, pendurados).

Carregar o bebê num sling, com a coluna curvada, encolhidinho e virado de lado, tem o mesmo efeito.

Actualmente especialistas são unânimes em dizer que bebés NÃO DEVEM SER POSTOS PARA DORMIR DE BRUÇOS, pelo risco de morte súbita.

O bebê não sente falta de ficar de cabeça para baixo, como no útero, porque na verdade o útero é cheio de fluido e o bebê flutua, como se não tivesse peso algum. Do lado de fora, sem poder flutuar, virado de cabeça para baixo, a pressão do sangue na cabeça é desconfortável.


4. Shhhh Shhhh - O som favorito do bebê

O som "shhh shhh" é parte de quem somos, tanto que até adultos acham o som das ondas do mar relaxante.

Para bebés novinhos, "shhh" é o som do silêncio. Ele estava acostumado a ouvir tal som 24 horas por dia, tão alto quanto um aspirador de pó. Imagine o choque de um bebê acostumado a tal som o tempo todo chegando a um mundo onde as pessoas cochicham e caminham na ponta dos pés, tentando fazer silêncio! 

Coloque sua boca 10-20 cm de distância dos ouvidos do bebê e faça "shhh", "shhh". Aumente o volume do "shh" até ficar tão alto quanto o choro do bebê. Pode parecer rude tentar "calar" um bebê choroso fazendo "shh", mas para o bebê, é o som do que lhe é familiar.

Na primeira vez fazendo "shhh", seu bebê deve calar após uns 2 minutos. Com a prática, você será capaz de acalmar o bebê em poucos segundos. É óptimo ensinar isso aos irmãos mais velhos, que adorarão poder ajudar e acalmar o bebê.



Para substituir o "shhh", pode-se ligar:

- secador de cabelos ou aspirador de pó

- som de ventilador ou exaustor

- som de água corrente

- um CD com som de ondas do mar

- um brinquedo que tenha sons de batimentos cardíacos

- máquina de lavar louças

O barulho do carro ligado também acalma a criança.



5. Balanço

"A vida era tão rica no útero. Rica em sons e barulhos. Mas a maior parte era movimento. Movimento contínuo. Quando a mãe senta, levanta, caminha e vira o corpo - movimento, movimento, movimento."

(Frederick Leboyer, Loving Hands)


Quando pensamos nos 5 sentidos - visão, audição, tacto, paladar e olfacto - geralmente esquecemos o sexto sentido. Não é intuição, mas a sensação de movimento no espaço.

Movimento rítmico ou balanço é uma forma poderosa de acalmar bebés (e adultos). Isso porque o balanço imita o movimento que o bebê sentia no útero materno e activa as sensações de "movimento" dentro dos ouvidos, que por sua vez activam o reflexo de acalmar.


Como balançar ?

1. Carregando o bebê num "sling";

2. Dançando (movimentos de cima para baixo);

3. Colocando o bebê num balanço;

4. Dando palmadinhas rítmicas no rabinho ou nas costas;

5. Balançando numa cadeira de balanço;

6. Passeando de carro;

7. Colocando o bebê em cadeirinhas vibratórias (próprias para isso);

8. Sentando com o bebê numa bola de ginástica e balançando de cima para baixo com ele no colo;

9. Caminhando bem rapidamente com o bebê no colo.

Quando balançar o bebê, seus movimentos devem rápidos mas curtos. A cabeça do bebê não fica sacudindo freneticamente. A cabeça move no máximo 2-5 cm de um lado para o outro. A cabeça está sempre alinhada com o corpo e não há perigo de o corpo mover-se numa direcção e cabeça abruptamente ir na direcção oposta.



5. Sucção

No útero, o bebê está apertadinho, com as mãos sempre próximas ao rosto, sugando os dedos com frequência. Quando nasce, não mais consegue levar as mãos à boca.

A sucção não-nutritiva é outra forma de acalmar o bebê. A amamentação em livre demanda não é recomendada somente para garantir a nutrição do bebê e a produção de leite da mãe, mas também para suprir a necessidade de sucção não-nutritiva. Alguns especialistas orientam às mães a darem chupetas para isso, mas ainda que a chupeta seja oferecida ao bebê, não deve ser introduzida nas 6 primeiras semanas de vida, quando a amamentação ainda está sendo estabelecida. Há sempre o risco de haver confusão de bicos e o bebê sugar o seio incorrectamente.

É importante lembrar que o bebê nunca chora à toa. O choro nos primeiros meses de vida é a única forma de comunicar que algo está errado.

Ainda que ele esteja limpo e bem alimentado, muitas vezes chora por necessidade de aconchego e calor humano. Por isso, falar que bebê novinho (recém nascido até 3 meses ou mais) faz manha (no sentido de chorar para manipular "negativamente" os pais) não tem sentido. Bebés novinhos simplesmente não tem maturidade neurológica para tanto.



Bibliografia:
The Happiest Baby on The Block, Dr. Harvey Karp, Bantam Dell, 2002. New York.
Tradução de Flávia Mandic
http://hypescience.com/11-fatos-sobre-o-cerebro-dos-bebes/
http://bebe.abril.com.br/parto-e-pos-parto/6-beneficios-do-contato-pele-a-pele-para-a-mae-e-o-bebe/

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